[Resenha] Legend
Legend
Autora: Marie Lu
Publicação: Li no exemplar
da Prumo Editora, porém atualmente é Publicado pela Editora Rocco.
"Minha mãe pensa que estou
morto.
Obviamente, não estou
morto, porém é mais seguro para ela pensar que estou.
Pelo menos duas vezes por
mês vejo meu cartaz de “procura-se”, exibido nos telões de TV espalhados no
centro de Los Angeles. Ele parece meio deslocado lá. A maioria das fotos nas
telas mostra coisas felizes: Crianças sorridentes sob um céu de brigadeiro,
turistas posando diante das ruínas da Golden Gate, comerciais da república em
cores Néon. Há também propagandas anticolônias. “As colônias querem nossas
terras”, afirmam os anúncios. “Eles querem o que não têm. Não permita que eles
conquistem seus lares. Apoie nossa causa!”
E então aparece minha
ficha criminal. Ela ilumina os telões de TV, em toda a sua glória
multicolorida:
PROCURADO PELA REPÚBLICA
ARQUIVO Nº 462178-3233 “DAY”
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PROCURADO POR AGRESSÃO,
INCENDIO, ROUBO,
DESTRUIÇÃO DE
PROPRIEDADES MILITARES, E
POR
PREJUDICAR O ESFORÇO DE
GUERRA.
RECOMPENSA DE 200.000
NOTAS
DA REPÚBLICA POR INFORMAÇÕES
QUE LEVEM A PRISÃO DESSE
ELEMENTO.
Os cartazes
sempre trazem uma foto diferente com minha ficha [...] Em outras palavras: A
República não tem ideia da minha aparência. Parece que eles não sabem nada
sobre mim, exceto que sou jovem e que, quando verificam minhas impressões digitais,
não encontram no seu banco de dados nenhuma que corresponda. É por isso que me
odeiam, porque não sou o criminoso mais perigoso do país, e sim o mais
procurado. Eu faço quem eles pareçam ineficientes, pois não conseguem me
capturar." Página 10 do livro.
E então?
Sentiu o clima distópico? Acho que nunca falei aqui no blog, porém distopia é
um dos meus gêneros preferidos, me rendo a uma facilmente! Sabe aquele clima de
cidades dizimadas e destruídas por pragas, enchentes, terremotos, invasões,
guerras ou desastres biológicos, com pessoas lutando para sobreviver ou sendo
manipuladas pelo governo? Elas me atraem de uma forma IMPRESSIONANTE, eu me
perco totalmente na narrativa e quando dou por mim, já estou ali na pele no
personagem, lutando e defendendo algo que nem existe. Com certeza a leitura de Legend não foi diferente, o livro já me
pegou nas primeiras páginas e só consegui largar o livro quando terminei.
Nunca tinha
lido nada da Marie Lu, porém já havia escutando muito sobre a autora, inclusive
já haviam me recomendado a trilogia, dizendo que com certeza eu iria me
identificar com a ambientação e os personagens. Desde o ano passado quando
descobri a trilogia fiquei curiosíssima, mas o dinheiro andava curto e eu
sempre encontrava os livros por preços caros demais, então preferia comprar
outros que tinham mais prioridade na minha “pequena lista”. Porém, esse ano eu recebi
um presentão de aniversário! Ganhei a
trilogia completa de duas fofíssimas que conheci através de um grupo literário
no whatsapp. Não perdi tempo e parti pra leitura!
Legend é o
primeiro livro da trilogia que tem o mesmo nome, sendo seguido por Prodigy e
Champion. A narrativa se passa em Los Angeles, porém a autora não informa o ano
em que se desenrolam os acontecimentos, só sabemos que o mundo não é mais da
forma que conhecemos e também não sabemos o motivo da destruição. Somos apresentados
ao o que um dia foi os Estados Unidos, as cidades ainda existem, pois possuem
os mesmos nomes, mas tudo está totalmente em ruínas. Como uma boa trilogia,
percebemos logo de cara que essa nova “sociedade” é totalmente manipulada de
acordo com os desejos do governo (República). A população é basicamente
dividida em duas partes: Os muito riscos e os miseravelmente pobres. Pra quem
deseja enriquecer nesse sistema, só existe uma maneira. Toda criança aos 10
anos de idade precisa (obrigatoriamente) se submeter a uma prova física,
teórica e psicológica, a partir desses resultados cada criança recebe uma
pontuação. Dependendo dessa pontuação, a vida dessa criança e da sua família
pode ser modificada para melhor ou para pior, pois ou ela passa na prova e é
designada para bons empregos ou é reprovada e condenada a trabalhos forçados
para o resto da vida.
Entendendo
toda essa ambientação e clima de revoltas, somos apresentados na primeira
página ao Day, um adolescente de família pobre, considerado fugitivo e fora da
lei que zomba de toda essa República e seu sistema opressor fazendo o que bem
entende. Comparo-o até um pouco com o Robin Hood, roubando dos mais ricos e da
própria república, fazendo sua fama e ganhando de certa forma o respeito e a
admiração dos menos afortunados e opositores do governo. Do lado oposto somos
apresentados a June Iparis, o prodígio da República, a única que conseguiu os
pontos máximos na prova. De família rica, June nunca teve grandes necessidades,
porém sua inteligência e toda a disciplina em que foi criada não consegue
mantê-la longe de confusões, na tentativa de sua superação diária. Então
imagina o que dá colocar dois adolescentes cheios de hormônios e adrenalina, de
realidades diferentes lado a lado? Muita confusão, certo? Os caminhos dos dois
acabam se cruzando e a partir daí, muita coisa pode acontecer. Sinto que só
posso revelar os detalhes até aqui, pois mais algumas informações podem
estragar a experiência literária pra vocês.
A estória a
meu ver é bem amarradinha e de fácil leitura. Os capítulos são alternados entre
os dois personagens, o que nos dá melhor perspectiva dos fatos e nos faz
compreender melhor os sentimentos de cada um. O único ponto negativo pra mim,
foi a previsibilidade dos fatos, poucas coisas (poucas mesmo) me surpreenderam
durante a leitura. Outra experiência de leitura que pode se tornar um problema
para outros leitores foi o romance um pouco platônico, não que isso tenha me
incomodado durante a leitura, porém sei que algumas pessoas não gostam de
romance no meio de distopias e esperam mais ação, então tá aí o aviso pessoal!
Termino dizendo que a leitura foi muito agradável, é o tipo de livro que você
lê numa sentada só ou naqueles dias bem preguiçosos. Se interessa por
distopias? Então acho que vale super a pena conferir.
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