[Resenha] Na Escuridão da Floresta

by - novembro 12, 2018

Na Escuridão da Floresta
Autora: Eliza Wass
Publicação: Verus Editora
Tradução: Cecília Camargo Bartalotti

"E Caspar vai se casar com Castella.
Mas eu não queria beijar Caspar. Nós eramos parentes. Éramos parecidos em vários aspectos (embora eu não fosse me incomodar se me parecesse um pouco mais com ele). E, além de ser meu próprio irmão, Caspar era meio bobão."

Tenso né? Esse livro é tenso. Coloquei ele nas metas desse ano porque sempre que lia a sinopse, eu sabia que seria um livro que eu iria penar pra ler. Apesar de ter poucas páginas, o conteúdo é pesado, bem pesado. Não vai ter nada incestuoso por aqui, mas as intenções são claras, por isso muito cuidado com quem vai realizar a leitura.

O livro vai trazer a história pela perspectiva de Castella, a mais velha de 6 irmãos. Ela tem uma família que é tudo, menos considerada como normal. Os Cresswell se isolaram do mundo a muitos anos, e desde então vem criando seus filhos numa velha casa dentro da floresta. Se não fosse uma liminar da justiça, os irmãos não frequentariam a escola, já que para o pai de Castella, todas as outras pessoas são impuras, exceto os próprios membros da família, então, nada seria mais adequado na cabeça psicótica dele, que os irmãos se casem entre si quando finalmente todos estiverem no paraíso. Enquanto isso, no plano terrestre, todos estão comprometidos uns com os outros. Nenhum dos irmãos tem permissão para entrar em contato ou ter amizade com nenhuma outra pessoa, mas esse ano Castella não tem opções, ela precisa trabalhar seus diálogos teatrais com um novo parceiro de palco, e é aí que os olhos dela começam a se abrir sobre o mundo fora da floresta.
Pra mim, que não tenho muito contato com livros de violência psicológica foi um choque grande ver um pai usando de violência com seus filhos. Ele é um personagem complexo, contraditório, tão louco que acredita piamente naquilo que prega, inclusive fazendo os filhos seguirem a mesma ideologia que ele. Castella acaba se mostrando a mais esperta, a que argumenta, a que vai atrás, e é nesse processo que a gente vai acompanhando a rotina opressora da família.

É difícil falar sobre o livro sem dar nenhum tipo de spoiler, ele é muito curtinho. Me arrastei durante 1 semana pra ler apenas cerca de 200 páginas dessa história, e olha que eu que leio razoavelmente rápido. O motivo? O clima do livro é tão tenso, agressivo, era um lugar que a minha mente não queria voltar, eu me indignava com as situações, e mesmo sabendo que se tratava de uma ficção, eu torcia pra que algum milagre acontecesse. A trama vai tecendo uma teia onde a história tem um rumo onde as coisas vão só se complicando e os personagens vão ficando mais envolvidos, mais neuróticos, ao ponto da leitura ir te sufocando também. Nisso eu tiro o chapéu pra escritora, que me fez sentir exatamente o desespero e a angustia daquelas crianças. Mas isso me atrasou bastante.

Se você está com estomago pra uma história assim: Vai fundo. Mas se você procura algo mais leve e divertido: A pedida vai ser outra. A escrita é ótima, coerente, com pontinhas amarradinhas, mas pra mim o final foi meio surreal, assim como corrido kkk foi algo que eu não esperava mesmo, foi bem louco, mas resolveu. No fim, não foi um livro 5 estrelas pra mim, mas acho que cumpriu o propósito pra qual foi escrito, então recomendo com ressalvas. Esse foi o meu primeiro contato com a autora, mas tendo novas oportunidades, com certeza voltarei para uma segunda história.

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