Não Sonhe com o Amanhã

Autora: Josy Stoque

Publicação: Rico Editora

Quantidade de Páginas: 286

"Então você descobre que o amor não é penas uma palavra, e que não tem somente quatro letras, mas é tão infinito quanto o universo e tão limitado quanto um ser humano pode suportar, ou consegue demonstrar. A pequenez do homem fica evidente quanto  mais ele busca este sentimento no plano material, de tantas formas distorcidas e torpes, que nunca encontra. É porque o amor incondicional não está na leviandade, mas somente na pureza.

Manter o coração puro para recebê-lo é: Acreditar, confiar, compartilhar, oferecer o seu melhor e pedir perdão por seu pior."

Pâmela Frigo trilhou um caminho longo e árduo até se tornar Delegada Federal da cidade de Ribeirão Preto. E pense numa delegada que sabe como se impor num local cercado por homens. Ela até conta um pouquinho pra gente de como ela se sente, da sua trajetória, e de como se orgulha em ser uma mulher bem resolvida.
O livro já começa nos mostrando que trabalhar na polícia não é tarefa fácil. Pam está bem no meio de uma guerra contra o crime organizado. O desafio é pesado, principalmente quando tentam contra a vida dela numa enxurrada de balas em frente a delegacia. Ferida, e marcada pra morrer, principalmente após a invasão da sua casa, ela não vê saída a não ser pedir abrigo temporário na casa do seu amigo Cássio, o delegado da cidade que vem quebrando a cabeça com uma série de desaparecimentos que sempre terminam em misteriosos assassinatos.

Eu sei que pela capa, muita gente tem o hábito de julgar o livro como algo estritamente erótico, mas digo a vocês que não é bem assim. Tem partes mais quentes? Sim, mas esses dois, acima de tudo, tem muito amor e respeito um pelo outro, tem uma história juntos, e tentam se proteger a qualquer tempo, e de qualquer perigo. A Josy explana muito bem o tipo de relacionamento que eles tem, então não é nada forçado ou repentino, o casal tem um crescimento coerente dentro da história até chegar nos "finalmentes".

Mas como eu disse mais acima, não é só pegação. Pâmela é um delegada reconhecida pelos seus trabalhos prestados na cidade, ela está em conflito pessoal e profissional nos casos em que está trabalhando. Acompanhamos a necessidade em que ela precisa investigar e se provar sempre como uma boa profissional, mesmo num ambiente cercado por opiniões contrárias, muitas vezes pelo simples fato de ser mulher. Ela é do tipo de personagem que não se deixa abater, que está sempre em busca de um bem maior, e de proteger aqueles que estão ao seu redor. A espiritualidade dessa mulher é algo que a completa, que a guia, essa parte dela é algo tão profundo, que deixa a gente envolvido muitas vezes com os próprios questionamentos que ela se faz, e que dá rumo a algumas situações, que define muito do que ela é.

A Josy conseguiu fazer um trabalho muito fechadinho em Não Sonhe com o Amanhã, mesmo sabendo que se trata de uma duologia. O livro aborda muitos temas e situações delicadas, tudo envolto numa embalagem cheia de mistério, vingança, e trocas de balas. Foi uma leitura que comecei mais pela curiosidade em descobrir a escrita de mais uma autora nacional renomada, e que se transformou em uma leitura cheia de reflexões sobre a posição da mulher na sociedade, e como é possível sim, escrever sobre uma personagem forte, que tem sentimentos, delicada e destemida, com um relacionamento maduro, num perfeito equilíbrio. Foi muito legal ver retratado num livro, que um relacionamento não precisa ser perfeito pra dar certo. Cássio e Pâmela tem suas divergências, enfrentam o perigo todos os dias, mas o amor e o respeito que tem um pelo outro harmoniza todo o resto dos pequenos conflitos. O livro não promete um mar de felicidade, não cria na gente a estigma de um amor fantasioso. Foi uma leitura do tipo mais "pé no chão", mas cheia de significados a cada página, um romance mais maduro, e sem enrolação.