Publicação: Leya

Tradutor: Jorge Candeias

"Quando se joga o jogo dos tronos, ganha-se ou morre. Não existe meio termo."

Tem resenha que é difícil fazer ou pela parte sentimental sua (leitor) em relação ao livro ou pela narrativa histórica detalhada de sua obra. Quando você junta os dois motivos então, fica praticamente um desafio escrever alguma coisa que você ache capaz de chegar aos pés da experiência que foi a leitura. A Guerra dos tronos, ou Game of Thrones como muitos de vocês também conhecem, foi um desafio que me propus a cumprir agora no ano de 2018, após mais de 3 anos da série encostada ali na estante, finalmente consegui ler o primeiro volume.

Acho que todo mundo praticamente já conhece o enredo da série, ou por acompanhar a série de TV, ou por ter devorado todos os livros que o George R R Martin escreveu falando sobre, mas hoje eu quero contar a vocês a minha experiencia sobre como foi desvendar essa história.

Vamos começar pelo medo, desde o de não gostar, até o medo de me sentir forçada a ler cada calhamaço desse. Porém decidi encarar o desafio assim que a Tamirez do Resenhando Sonhos propôs uma leitura conjunta de toda a obra, com tudo cronometrado. Só assim eu senti um peso saindo dos meus ombros, sério mesmo, parece que só o fato de saber que outras pessoas estariam compartilhando da mesma experiencia que eu, deu mais coragem, e assim segui o projeto. Minha segunda dificuldade foi em si lidar com os personagens, pois não sabia que eram histórias separadas que se interligavam, e muito menos que cada capítulo seria narrado por um personagem diferente, isso me deu medo de confudir tudo, de não saber quem era quem, de não conseguir me conectar com os personagens ... Então fui anotando, isso mesmo. A cada personagem novo que ia aparecendo, eu ia anotando o que sabia sobre ele, porém isso foi extremamente esquecido na metade pro final do livro 1, pois foi aí que a genialidade do George me pegou com força.

Gente, que história incrível! Que desenvolvimento de mundo, de personagens, de características de diversos povos foi essa? Eu fui atropelada pela dimensão que Westeros tem. Para os desavisados, Westeros é o continente em que a história se passa, e além dele, temos também as terras livres, mas aí já adentramos em outra parte da história. Dentro de Westeros existem os 7 reinos, cada reino possui seu senhor, e cada senhor tem lealdade para com o rei. O rei é a autoridade suprema, mas descobrimos que assim como em todo tipo de governo que existe fora dos livros, as coisas não são bem assim do que querem nos mostrar. Cada personagem é humano, real, palpável, cada um com seu tipo de ganancia, desejos, vontades, e essa sede pela realização de cada um, vai fazendo essa dança em volta do trono e das manipulações rodar. Quem pode mais? O rei, os sacerdotes, ou os ricos? Depende em que mão está esse poder. 

O que mais me prendeu foi o fato que nem todos os personagens são revelados e desnudados a nós, alguns ficam ali na espreita, tramando, maquinando e fazendo o seu próprio jogo, mas a gente não faz a mínima ideia de qual jogo é esse, muito menos até onde eles são capazes de ir pra alcançar seus objetivos... Matar? Mentir? Jogar personagem contra personagem? Quem está jogando mais? Quem é mais esperto? Essa dança que o George R R Martin arma pra gente é hipnotizante e muitas vezes me fez duvidar da capacidade humana. Outro fato que achei super legal, é que mesmo enquanto homens fazem seus joguinhos políticos, totalmente alheios a outras coisas, a história tem um pano de fundo totalmente fantástico, lobos gigantes, histórias sombrias de um passado mágico, um inimigo misterioso e real que nos deixa sempre com a sensação de que "ele está chegando".

"O inverno está chegando"

Lema da família Stark

É muito legal ver o desenvolvimento das casas, saber como cada uma foi criada, seus lemas, seus símbolos, cada personagem ali é único e extremamente necessário, é como se tudo tivesse sido muito bem pensado pra fazer um sentido no passado, no presente e trazer surpresas no futuro... Mas é lógico que a gente termina por se apegar a alguns, e principalmente a sofrer quando um deles morre (se brincar de espremer o livro, dá pra sair um rio de sangue viu?), achei super bacana essa dinâmica do autor com as mortes, algumas são explicadas, outras são sofridas, choradas, porém algumas são só mortes e ponto. Sem explicação. Isso trás um pouco da realidade de como a morte é na vida real, de como nós encaramos a morte e do significado que ela tem pra cada pessoa dependendo das suas experiencias de vida.

Sigo aqui na minha experiencia, já na leitura do segundo volume e com alguns personagens preferidos que eu torço muito pra que fiquem vivinhos. Mesmo sabendo que a série não foi terminada e que ainda faltam 2 volumes para serem lançados, me sinto extremamente satisfeita com a narrativa do autor, com o desenvolvimento dos personagens e com as reviravoltas da história. Inclusive já adquiri a 1º e a 2º temporada da série e já estou organizando meu bolso pra adquirir as próximas, mesmo sabendo que os rumos de Série de TV/Série de Livro serão diferentes conforme já foi anunciado. Afinal, como todos nós viciados em boas narrativas sabemos, quando a gente se apaixona verdadeiramente por uma história, nunca temos o suficiente dela.