[Resenha] Princesa de Papel

by - janeiro 11, 2019

Princesa de Papel
Autora: Erin Watt
Publicação: Essência
Tradução: Regiane Winarski

"Essa nunca vai ser minha casa. Meu lugar não é no luxo, é no lixo. É o que eu conheço. É o que me deixa a vontade, porque a miséria não mente. Não está embrulhada em um pacote bonito. É o que é.
Esta casa é uma ilusão. É polida e bonita, mas o sonho que Callum está tentando me vender é frágil como papel. Nada fica brilhante para sempre neste mundo."

Prontos pra um livro cheio de emoções do tipo novela mexicana no horário da tarde? Então vamos embarcar em mais uma história. Princesa de papel tem todos os ingredientes pra se tornar um filme do tipo adorado por todas as adolescentes, fazendo todas elas gritarem e suspirarem na sala de cinema, mas não pensem que eu não gostei... Porque eu amei ter esse tipo de história em mãos, confesso que deu pra matar um pouco da saudade das minhas leituras de adolescência.

Ella Harper está ferrada... E quando digo ferrada, é em todos sentidos. O pai, é considerado apenas como um "doador de esperma", já que ele sumiu na face da terra sem deixar um rastro. Criada apenas pela mãe e sempre mudando de cidade em cidade onde existia emprego para sobreviver, Ella nunca conseguiu criar raízes, muito menos fazer amizades. Recentemente o tapete foi puxado dos seus pés, já que a mãe a quem tanto amava definhou até a morte na frente de seus olhos, sem que nada ela pudesse fazer. Mas como uma adolescente pode sobreviver e estudar sendo menor de idade nos Estados Unidos? Talvez falsificar a assinatura da mãe na escola funcionasse, e nada que uma identidade falsificada não resolva, afinal em boates de strip, eles nunca olham isso com atenção, só esperam que você faça seu trabalho... As gorjetas com certeza ajudariam. O plano estava pronto, agora era só pôr em prática.

Tudo corria bem, na escola ninguém desconfiava que ela era órfã, e na boate ela apenas dançava pelo dinheiro... mas como a vida é uma caixinha de surpresas, Callum Royal, um magnata da aviação e melhor amigo do até então desconhecido pai, aparece na sua vida com outros planos. Como tutelada  legal de Callum, Ella agora é protegida por uma das mais ricas famílias do país, mesmo que ela deteste essa ideia. Não conquistar e comprar briga com os 5 filhos de Callum também não é uma boa ideia, já eles se parecem mais com uma gangue adolescente do que os filhos dos ricos que ela já conheceu na vida. Fica claro no primeiro contato que a indiferença é verdadeira de ambas as partes.

Gideon, Reed, Easton, Sawyer e Sebastian formam uma escadinha de filhos pra botar medo em qualquer um, tanto que o que um Royal decreta, é lei por onde eles passam. Ella nesse momento, não passa de uma ameaça, uma presença hostil, cercando os 5 filhos com muita desconfiança; para eles, logo logo Ella Harper será carta fora do baralho. No decorrer da narrativa convivemos mais com os 4 irmãos mais novos, principalmente com Reed, o líder dos irmãos na ausência de Gideon, o mais velho. Reed faz de tudo pra colocar Ella pra correr, principalmente com situações bem hostis, é quase um tipo de disputa por atenção, de quem pode mais... Mas os meninos não contavam com uma coisa: Os anos difíceis que Ella viveu foi uma preparação intensiva pra enfrentar a fúria dos Royal, nossa menina é osso duro de roer, ela não desiste fácil assim.

O enredo vai construindo a convivência, vai nos mostrando faces dos personagens e explicando o motivo de cada um ser do jeito que é, e digo pra vocês, a família Royal é bem, bem ferrada (dinheiro não compra tudo mesmo). No decorrer da leitura, por mais machucada que Ella esteja, é como se a personagem fosse se tornando um tipo de âncora no meio de toda aquela confusão, das mentiras, das traições, das brigas, da destruição... Perceber o tamanho do sofrimento, da culpa em que esses meninos estavam metidos, me fez ter empatia pela situação dos personagens, as vezes eu só queria entrar dentro do livro, distribuir abraços e dizer que ia ficar tudo bem. Mas é lógico que muitas atitudes também me fizeram passar raiva kkk, esses meninos são muito explosivos.

Senti que o livro é sim um alerta, tanto para os pais que acham que podem comprar os filhos com dinheiro e presentes, ou pra gente mesmo, quando vemos alguém se destruindo, mas não fazemos nada por achar que não é da nossa conta... As vezes as pessoas só precisam de alguém que se importe, alguém que não traga armas, que não faça apontamentos, que não julgue só aquilo que vê. O livro fala muito das máscaras que usamos para os outros verem o que queremos, da forma que agimos pra machucar o próximo, das nossas barreiras pessoais. Foi uma leitura que por mais que parecesse superficial e um romance adolescente, no fim me levou a pensar nesse lado mais psicológico da vida, me fez querer ver o motivo por trás das atitudes, conhecer um pouco mais o lado oculto dos personagens, fiquei reflexiva.
Esse é apenas o livro 1 de uma série que ao certo não sei onde vai parar kkk. Só aqui no Brasil, se não me engano já temos 5 livros publicados pela Essência. Apesar de ter só lido os 2 primeiros livros, é uma série que quero muito continuar investindo, conhecendo, acompanhando a trajetória dos personagens. É uma série de bad boys que no fundo, tem muitas coisas além do superficial pra dizer.

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