"Meus dias de uma adolescente calma e pacata provavelmente estavam contados. Eu antes era uma garota comum, com um nome estranho, um forte empenho em me superar nas matérias da escola e nenhum interesse em garotos. Agora eu era a revoltada, possível destruidora de namoros alheios e alvo crítico de um ódio fulminante por parte de garotas invejosas. Eu estava ainda no centro da disputa entre dois garotos lindos e superpopulares na escola. E, definitivamente, definitivamente agora, estava altamente ligada em garotos. Não no plural. Garoto. Um apenas. Um punk com cara de roqueiro, pinta de rebelde, mas um atleta focado e aluno aplicado. Thomas Reynard havia acabado de quebrar inúmeros paradigmas na minha vida. Eu estava muito ferrada. Mas muito ferrada mesmo."

Só de escrever esse trechinho acima, já me dá vontade de pegar o livro e reler a história toda de novo. Todo mundo que já havia lido Rainbon (inclusive amigas próximas) diziam que eu PRECISAVA ler esse livro. Eu até comprei ele, mas relutei um pouco por medo de não conseguir me encaixar mais na narrativa, já que aqui vamos ter adolescentes no ensino médio. Mas, hoje eu levanto oficialmente a bandeirinha junto com todas elas, e digo que VOCÊ PRECISA LER RAINBOW (kkkk). Ele foi uma das ultimas leituras do ano, e foi favoritado por mim com toda certeza desse mundo.

Contextualizar a história é um ponto importante. O foco aqui vai ser a vida da própria Rainbow, sim, o nome dela é arco-ires, Rainbon Walker, a irmã mais velha de Sunshine (Raio de Sol) e Storm (Tempestade). E dizer que eles são filhos de Hippies nessa altura do campeonato não seria nenhuma surpresa não é? (kkk) A família Walker sempre se mudou conforme muda a direção do vento, e por isso, não tem raízes em nenhum local. Os filhos aprenderam a não se apegar muito a amigos, pessoas, lugares, escolas... Eles só precisam chegar numa escola nova, serem educados, tirarem boas notas, e estarem preparados pra quando os pais quiserem levantar o "acampamento" para a próxima cidade. Sunshine e Storm parecem levar isso de letra, mas pra Rainbow é como se cada mudança fosse um martírio, por isso de uns anos pra cá, ela desistiu de fazer contato ou tentar amizade com qualquer outra pessoa da sua idade, ela só quer tirar boas notas e viver sua vida, e era esse o mesmo plano para a Westwood Garden High School. Seu nome já chamava muita atenção, ela não precisava de mais. Apesar de Rainbow ser alheia a própria aparência, os adolescente não são kk, então quando ela se vê recebendo olhares e atenção do sexo masculino, o pesadelo está criado. 

Thomas Reynard não estava procurando por nenhum tipo de namoro no ultimo ano do ensino médio, ele só quer tirar boas notas, levar o time para as finais do campeonato e pensar numa faculdade, afinal ser capitão do time exige certo tipo de comportamento; você precisa ser o espelho pra todos, mesmo que alguns caras sejam bem babacas e mereçam receber uma lição as vezes. Thomas tem uma fila de pretendentes na escola e fora dela, mas, nenhuma consegue enxergar ele além do título de capitão e dos músculos discretos que ele desenvolveu com muito treino. É uma surpresa quando a garota nova de nome estranho, conquista a simpatia dele sem ao menos saber quem ele é, e que felicidade é descobrir que ela é muito mais do que deixa transparecer. Infelizmente não é só ele que percebe isso, na escola sempre tem gente que gosta de provocar.

Eu me vi na Rainbow, eu vi minha adolescência ali, retratada exatamente do jeito que eu era. É lógico que não tenho pais Hippies kkk, mas me mudei tanto de escola, que poucas amizades existem nos dias de hoje. A insegurança que ela tinha, a vontade de sempre ser discreta, de não querer chamar a atenção, de só se importar com as notas e os resultados... Eu era assim. E o mais legal é descobrir que a Martinha fez o livro pra sobrinha, pra alguém real... Acho que isso me fez desenvolver uma empatia muito grande pela situação toda. Quando o Thomas enxerga na Rainbow o que ela é, é muito tocante ver ela desabrochar, ver ela entender que não precisa de outra pessoa pra se ver como ela é, pra ela começar a falar o que pensa, e tomar as rédeas da situação, da vida. O romance dos dois é muito lindo, do tipo que toda adolescente merece ter na vida, com o respeito que merece, com um parceiro que valoriza a namorada que tem. Vão aparecer uns conflitos? Sim, mas é um alivio quando a gente vê que os conflitos são externos, não encontrei mimimi nas atitudes do personagens, são adolescentes lidando com suas inseguranças e aprendendo a lidar com seus problemas.

O livro cumpre muito bem com a proposta, e eu me arrependo muito por não ter dado bola pra ele antes. Agora estou aqui torcendo pra conseguir por as mãos no livro da louca da Sunshine, sei que com ela vou dar algumas gargalhadas. A escrita da Martinha me impactou muito, me transportou diretamente pra aquela realidade. Me fez chorar, me fez sofrer, me fez rir... É bom quando um livro desperta isso em você, mexe além da pele. Me enxergar nas personagens é algo que nem todo mundo sabe fazer, principalmente sem te magoar. São personagens muito condizentes com as idades, e eu fico imensamente feliz por ter tido essa experiencia de leitura.

"- Mas, nada. Eu gosto de estar com você! Gosto da sua companhia, da sua cabeça, do seu sorriso, do seu toque, do seu cheiro, das suas piadas ridículas, da sua língua ferina, do seu humor instável - ele disse e eu dei-lhe um tapa. - Viu? Eu gosto de você. VOCÊ."