"Desejava Charity. Por um breve e absurdo instante, ele a desejara no dia anterior. Um erro bastante sério. Bloqueara aquela vontade, mas ela continuava a emergir; quando a ouvira seguir pela ala à noite, quando ouvira o som de Chopin, tocando suavemente, escada abaixo, vindo do quarto dela. E, novamente, no meio da noite, quando acordara com aquele silencio total do campo, pensando nela, imaginando-a.

Mas ele não tinha tempo para desejos. Em outro lugar, em outra época, os dois poderiam ter se encontrado e aproveitado a presença um do outro enquanto o fascinio durasse. No entanto, naquela ocasião, ela fazia parte de um compromisso; nada mais, nada menos."

Roman DeWinter é agente secreto do FBI, mas não qualquer agente, um dos melhores agentes. Depois de tantas missões se arriscando, descobrindo criminosos e desarticulando gangues, ele sente que está na hora de se aposentar dessa vida perigosa, encontrar um lugar pra descansar e passar o resto dos dias... Essa com certeza será sua última missão, parece fácil, mas ele sabe que sempre tem a chance de tudo dar errado, bem errado. A pequena e charmosa pousada na Ilha de Orcas segundo a ficha criminal do FBI nada passa de uma fachada de lavagem de dinheiro para fora do país, e por mais que seja só um procedimento de rotina, Roman precisa ter cuidado, qualquer um pode ser culpado, inclusive Charity, a charmosa proprietária da pousada. Todas as provas apontam que ela tem que estar envolvida nesse esquema.

Sob disfarce de um faz-tudo Roman precisa investigar a fundo todos os funcionários e hóspedes, a única coisa que ele não esperava era se apaixonar pela principal suspeita da investigação, já que as provas apontam sempre pra ela. Mas como descobrir a verdade, se envolver com a suspeita e ainda manter o disfarce intacto pode dar certo? É aí que a Nora Roberts começa a tecer a teia que tem tudo pra nos deixar curiosos e ansiosos pelo desfecho.

A história tem um potencial enorme, já que promete aventura, investigação, romance, segredos... Mas é frustrante, ao menos pra mim, ver que a narrativa não entregou quase nada do que prometeu. Senti que a escrita enrolou muito em alguns pontos e correu muito em outros, no fim só o final ficou mais condizente com o enredo. Outra coisa frustrante foi ver um spoiler logo na sinopse atrás do livro. A gente sabe que é um romance e tal, mas acho que não precisava entregar logo de cara um dos questionamentos mais acirrados da investigação, principalmente com uma coisa que só vai acontecer bem lá pra frente na história. Os protagonistas tiveram um amor muito platônico, principalmente o Roman que é um agente do FBI e mesmo com todo o treinamento, parece que se esquece de tudo no primeiro momento em que vê a Charity, e ela por sua vez, é uma personagem que na minha opinião poderia ser melhor desenvolvida, e ter um comportamento mais condizente com a sua idade em certos momentos.

Eu sei que esse livro é um romance de banca, a Harper Collins vem fazendo um bom trabalho com essas edições, deixando sempre o livro o mais confortável possível, mas a Nora não ajudou muito com essa história, e senti muitas vezes, que ela ficou meio perdida. Não posso culpar ninguém, nem muito menos falar mal do trabalho de outra pessoa, mas a minha experiencia com essa leitura foi muito abaixo do que vários outros livros da autora, e olha que a Nora tem vários livros de suspense, magia, investigação, que dão de 10 a 0 nesse aqui, não senti a magica que ela faz com as palavras. Infelizmente pra mim foi um livro que prometeu uma coisa, entregou outra e só veio se firmar um pouco já no final, foi um livro que várias vezes pensei em abandonar pelo caminho, mas a curiosidade foi o único sentimento que me levou a querer chegar no fim, considerei uma experiencia bem mais ou menos, que eu poderia ter deixado passar sem problemas.

Não quero desanimar ninguém com os trabalhos dela, e torno a dizer que essas foram as minhas impressões de leitura, você pode ler e entender pontos, enxergar coisas, que não vi ou que foram negativos pra mim e pra você pode ser tudo o que procurava em uma narrativa. E ainda bem por isso, é dessa mescla de opiniões e experiencias que o meio literário precisa.