[Resenha] O Canalha do 610

by - março 11, 2019

O Canalha do 610
Autora: Mila Wander
Publicação: Essência

"Enquanto eu tivesse festas às sextas-feiras para ir, paixão seria a ultima coisa em que pensaria na minha vida. Amor, então, só de mãe. Apesar de tudo, eu não era o sujeito comedor que meu irmão sempre foi. Nem tinha medo de me apaixonar, como Manu supunha. Eu podia ser ótimo conselheiro amoroso. Inclusive, minha cunhada agradece até hoje a força que dei no relacionamento  dela com meu irmão. Eu gostava de ver as pessoas felizes.
Só que não havia acontecido comigo. Meu estomago nunca tinha sentido as famosas borboletas. Sinos jamais tocaram quando beijei alguém. Ninguém nunca dissera que me amava, exceto minha mãe. Nem mesmo meu pai, aquele traidor de uma figa, demonstrara qualquer sentimento por mim. Não, não estava me vitimando, como meu irmão mimado sempre fazia, ou justificando a falta de afeto. Eu tinha amor pra dar, guardado em algum canto, dentro do meu peito. Não estava esperando a pessoa certa, apenas vivia sem pensar no dia em que poderia oferecê-lo a alguém."

Canalha... Começo logo com a palavra central do livro. É bem isso que você deve esperar de Caju, não se engane. Ele é canalha e sabe disso, ele não finge ser o que não é. Outro aviso é que o livro que vou resenhar aqui, é um spin-off do Safado do 105, então só entre de cabeça na leitura (do livro, e não da resenha) se já leu o livro anterior, aqui você vai rever toda a experiencia do livro 1, revisitar personagens e relembrar histórias. Então se você não leu O Safado, mas quer arriscar, todos os spoilers serão por sua conta e risco, estou logo avisando kkkk. (Mas aqui, vou tentar me manter longe deles).


Já fomos apresentados ao Carlos Eduardo antes, mas não conhecemos bem o lado dele nessa história toda, afinal, ele não é a pessoa mais aberta a sentimentos, como vamos perceber. A única pessoa capaz de arrancar sentimentos sinceros dele, é sua melhor amiga de infância, a Manu. Manu era a antiga moradora do apartamento 609, mas nos últimos tempos, a questão financeira apertou. Precisando de dinheiro e com a avó, única parente, debilitada de saúde, ela não teve escolha a não ser vender tudo o que possuíam e encontrar um abrigo para a avó. Com um relacionamento estável com sua namorada Karen, Manu decide que chegou o momento de morarem juntas; mas pegar Karen na cama com outra, bem no dia em que foi demitida, não estava bem nos planos. Sem ter pra onde ir, é no 610 que ela decide procurar abrigo, afinal Caju pode não ser o exemplo masculino de cavalheirismo, mas em todos esses anos, ele nunca a deixou sozinha.

E é no 610 que essa história louca e hilária vai se passar. Não é a música de Roberto Carlos, mas olha... Foram tantas emoções. Os personagens aqui são cheios de camadas, cada um com consequências do seu passado. Aqui podemos ter um vislumbre de como foi pro Caju e a mãe lidarem com a traição e divorcio do pai quando ele conheceu a mãe do Calvin, o quanto foi destrutivo e mal conduzido, trazendo cicatrizes até hoje. Vamos compreender a rivalidade entre os irmãos, seus sentimentos, brigas e torcer por um final feliz entre os dois. Vamos conhecer também essa personagem nova que é a Manu, uma mulher bissexual que ainda está se descobrindo, e entendendo sua parte interessada no sexo masculino. Uma mulher que vai precisar se levantar do pó depois das rasteiras da vida, e se reinventar, reacreditar em si mesma. Fora o bônus de poder sempre dar uma espiadinha no casal Raíssa e Calvin. E claro, ver esse romance florescer. Dei muitas gargalhadas durante a leitura, passei raiva, torci, tive empatia e até chorei em determinadas páginas. Mas é um livro da Mila, então já estava preparada kkk.

É um livro com uma pegada hot, mas que aborda diversos outros temas dentro da narrativa. Ele pode até ser menor que o Safado do 105 na questão das páginas, mas achei muito mais complexo que o anterior, sem falar que foi muito legal fazer a leitura sabendo da experiencia que a Mila teve enquanto escrevia (tem tudo lá no vlog de lançamento), acho que por isso tudo se tornou até mais especial. Eles são melhores amigos que tem medo de se envolver e acabar com a amizade, mas se compreendem como ninguém. Não foi sacrifício nenhum torcer por eles, mesmo quando achava que era caso perdido kkk, esses dois se completam como nenhum outro casal. Tenho certeza que no mínimo, a leitura vai arrancar de vocês algumas risadas.

- "E foi tão corpo que foi puro espírito"
Então, finalmente eu entendi o significado daquela frase.


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