[Resenha] A Redenção
A Redenção
Autora: Lisa Kleypas
Publicação: Gutemberg
Tradução: A C Reis
"O que confunde a minha cabeça, são as vezes em que ele disse que estava bem, porque então você pensa que tudo está melhorando. Você sabe as coisas que deve evitar. Mas então aparecem novas coisas. E não importa o quão arrependida você esteja, não importa o quanto se esforce, tudo o que você diz e faz vai aumentando a tensão até vir a explosão."
É gratificante saber que a Lisa Kleypas continua me encantando com sua escrita mesmo sendo com um gênero totalmente diferente de um romance de época. É logico que sei que se trata de um romance contemporâneo, mas sinceramente, eu esperava que não fosse gostar tanto dessa história.
Apesar de se tratar do segundo livro de uma série (a louca que lê tudo ao contrário), deu pra compreender bem a situação da família sem pegar muitos spoliers.
Aqui somos apresentados a família Travis, uma tradicional e rica família do Texas. Quando eu digo rica, imaginem muito, muito dinheiro, fazendas, petróleo, influencia, tudo controlado e administrado de perto pelo patriarca da família: Churchill Travis, um homem sábio, mas marcado pelas falhas do passado. Haven Travis é a filha mais nova, a única herdeira mulher entre os 3 filhos, e por esse motivo, criada durante toda a infância pra ser algo que detesta: Uma lady. Não seria surpresa falar que Haven cresceu com essa rebeldia dentro dela, e dentro das suas possibilidades, se rebelando da forma que sabia que atingira o pai. A guerra da vez se deve ao seu novo namorado: Nick. Por algum motivo Churchill desaprova totalmente o namoro entre Haven e Nick, e no começo nós até pensamos que se deve ao fato de Nick não vir de uma família abastada ou possuir dinheiro, mas a história acaba revelando depois, que o buraco, é bem mais embaixo. Após o pedido de permissão para o casamento ao patriarca ser frustrado, Haven decide no ápice da raiva se casar escondido com Nick, mesmo que pra isso precise perder toda a sua herança e o total contato com a família.
Não seria nenhum spoiler dizer que o casamento acaba por se tornar um inferno na vida de Haven, e ao se ver sem ninguém, perdida, e profundamente machucada, ela percebe que precisa voltar ao Texas e reconstruir tudo o que um dia achou que poderia jogar fora. Haven precisa se redescobrir, se amar e cicatrizar todas as feridas. É nesse período que Hardy Cates entra na vida de Haven com seu charme pessoal, e apesar de ser um promissor investidor no ramo petroleiro, descobrimos que ele tem um passado complicado e mal resolvido com os Travis. Se envolver com Hardy seria como colocar Haven entre a Cruz e o punhal mais uma vez. Afinal, vale a pena arriscar relacionamento com a família mais uma vez em nome do amor?
É lógico que aqui não vamos ter um romance fofinho. Apesar de não ter lido o primeiro volume, percebi que ao redor dos Travis, sempre existe uma carga bem dramática. Os dois protagonistas trazem histórias tristes, ambos já sofreram por amor, abdicaram de coisas, de momentos, trazem marcas, traumas e o romance vai se desenvolvendo ao redor desse compilado todo. O livro aborda temas pesados, principalmente um que eu não esperava (e não posso contar por ser considerado spoiler), mas que na minha opinião foi abordado divinamente. É um problema que mina a confiança da mulher, que fere nossa integridade, que aprisiona muitas de nós, e que por isso deve ser retratado sim em livros atuais. o personagem do Hardy acaba por se tornar um aliado nessa superação, fazendo um papel essencial na vida da Haven e mesmo com o jeito bruto e muitas vezes mal compreendido dele, a gente acaba entendendo que essa é a melhor forma que ele consegue demonstrar os sentimentos dele, por ela.
Os romance vai sendo construído aos poucos, não senti nada sendo forçado, já que os dois tem traumas passados que estão sendo tratados. No fim tudo começa com uma ajuda mútua, um pouco de preocupação, vai evoluindo pra um interesse, até chegar na descoberta do sentimento. Como já falei, não se trata de um romance fácil, até pela trajetória de vida dos personagens. Algumas cenas mexeram demais comigo, me remeteram a muitos relatos reais que infelizmente fazem ainda fazem parte do nosso cotidiano, mas acima de tudo me fizeram torcer pela volta por cima que os dois precisavam, pela Redenção como o próprio livro se chama. Se o perfil do livro se encaixa no que você procura, principalmente se tratando de temas mais complexos do que um romance mais leve, dê uma merecida chance, sério. Agora só me falta uma graninha pra adquirir os demais volumes, ou quem sabe, uma alma bondosa possa me presentear kkk (sonhar custa nada).
"Hardy tinha me encantado mais do que qualquer outro homem. Ele era envolvente, brincalhão... mas sempre, e em primeiro lugar, era um homem. Ele abria portas, carregava pacotes, pagava o jantar e ficaria mortalmente ofendido pela simples sugestão de que a mulher fizesse alguma dessas coisas [...] eu admirava a autoconfiança de Hardy. Ele não tinha problema para admitir quando cometia algum erro ou se não entendia alguma coisa. Ele transformava essas ocasiões em oportunidades para fazer perguntas."
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