"O argumento dela foi simples: Existe alguém pra todo mundo. Do ponto de vista estatístico, quase com certeza ela estava certa. Infelizmente, a probabilidade de eu encontrar essa pessoa era minúscula. Mesmo assim, aquilo gerou um incômodo no meu cérebro, como um problema matemático que sabemos que deve ter solução."

Don Tillman, 39 anos, professor de genética numa renomada faculdade da Austrália, muito bem apessoado, praticante de artes maciais, inteligente, com um bom salário, e nenhum traquejo social com seres humanos. Don só tem dois amigos: Gene (que foi seu chefe de departamento), e Claudia, psicóloga e esposa de Gene. Fora esses dois, Don não consegue conversar com ninguém, e a gente sabe que no fundo, ele até acha que desenvolver um relacionamento com outras pessoas apenas perda de tempo, já que elas além de não conseguirem acompanhar seu raciocínio, gastam seu tempo de forma leviana. Por isso não é surpresa nenhuma dizer que: Don nunca namorou na vida. Não, ele não é virgem. Mas um relacionamento duradouro com alguém? Esse ele nunca teve interesse... mas, talvez esteja no momento de "procriar", então é nesse momento que o projeto esposa entra em ação.

Quando ele percebe que precisa de uma companheira, não é surpresa quando em vez de partir para um encontro, namoro e bate papo, Don desenvolve um questionário, onde a parceira perfeita será aquela que acertar em 100% as respostas já respondidas por ele, já que é lógico que para 2 pessoas se darem bem num relacionamento, precisam combinar em tudo... Não? kkk A gente já percebe ai que a situação tem tudo pra dar errado, e com ela altas gargalhadas. Don não tem senso de humor, mas acaba nos fazendo rir com as enrascadas que se mete, com as reações que ele tem a coisas simples do nosso cotidiano, e até com os questionamentos que ele se faz no decorrer dessa procura. Mas aí é que entra Rosie, uma garota que com toda certeza não se encaixa em nenhuma resposta do questionário. Rose apenas vive o momento, aproveita as oportunidades, mas também tem marcas e um passado que precisa ser reescrito.

E é essa a nossa dupla dinâmica, onde um acaba sendo o apoio do outro, mesmo quando eles não sabem direito o que estão fazendo, o que nos leva ao relacionamento mais louco que já li kk. Rosie é a quebra de padrões do livro, mesmo que ele seja narrado apenas pelo Don. A gente percebe que até a estrutura do texto é organizadinha, tem padrões, é inumerada, mas pela visão do próprio personagem, a gente vê o caos que Rosie é, e como ela vai mudando alguns aspectos sociais de Don.

Se não me engano, existiam até personagens cotados para interpretar esse belo casal nas telinhas, mas ao que parece, ou o projeto do filme está estagnado, ou a produtora desistiu, o que é uma pena, pois consigo visualizar muito bem essa comédia romântica. O livro foi uma experiencia leve pra mim, algumas vezes um pouco arrastada, pois o Don adora dar algumas voltas pra nos explicar o que ele pensa, mas acredito que essa é a mágica do livro, tentar entender e se apaixonar por ele.

Eu sei que é uma leitura um pouco mais antiga, mas como adquiri e tinha ele na estante, não vi motivos de porque não ler. Os personagens são peculiares, mas tem o seu charme, e isso me fez ter uma experiencia envolvente e inesperada. Recomendo demais.

"Terminamos a lagosta. Então Rosie abriu a bolsa e sacou de lá um maço de cigarros! Como expressar meu horror? Fumar não é só um hábito nocivo à saúde da pessoa e perigoso para quem está por perto. É também um claro indício de uma abordagem irracional da vida. Havia um bom motivo para que esse fosse o primeiro item do meu questionário."