Encanto de Luz

Autora: Nora Roberts

Publicação: Harlequin

Tradução: Daniela Rigon

Quantidade de Páginas: 191

"A respiração de Grant estava acelerada. Ele não falou,sabendo que, se o fizesse, diria loucuras. Pela segunda vez, Gennie o esvaziara, e então o preenchera novamente com ela mesma. Um forte desejo por aquela mulher, único e penetrante, rasgou-o por dentro enquanto fitava os olhos verdes e esperava que a paixão se acalmasse. Nada aconteceu."

Falar do trabalho de um autor nunca é fácil, principalmente de um autor que a gente ama. Fiz essa leitura em fevereiro, mas até o momento não sei ao certo como passar minhas impressões da forma mais correta possível. Bom, em resumo, essa foi uma releitura, e mais um vez, relendo em outra época e com outra cabeça, eu continuo não gostando do enredo dos personagens desse livro, ou melhor... Continuo não gostando do Grant Campbell.

Grant não tem contato com ninguém, prefere sempre saber das noticias através da rádio e jornais, e uma conversa saudável com a vizinhança é algo que nunca está nos planos. Até que certa noite, no meio de uma baita tempestade, uma belíssima e encharcada mulher perdida, bate a sua porta.

Gennie Grandeau tirou um período sabático. Após todo o sucesso com suas pinturas, e uma tragédia familiar, ela tem certeza que precisa de paz para se recuperar. A cidadezinha do litoral parece o cenário perfeito... Muita vegetação, lindas paisagens, e locais bem pitorescos. Mas se perder no meio da vegetação, a noite, e na maior tempestade que ela já viu, não era bem o que ela esperava como recepção; ainda mais, com o carro atolado no meio do nada. Um farol acesso sempre foi sinal de segurança, talvez alguém lá dentro pudesse abriga-la durante a tempestade.

O primeiro contato desses dois não é nada amigável. Gennie não faz o tipo de garota que baixa a cabeça pra ninguém, e Grant não é o melhor dos anfitriões. Vai ser surpresa se eu disser que eles vão brigar como rato e gato? Enquanto ela é expansiva, alegre, e bastante  observadora, ele se mostra a todo momento o total oposto, fazendo questão de sempre mostrar o seu pior lado e assim afugenta-la de qualquer esperança amorosa. Dá pra tentar entender o lado dele? Sim, eu sei que dá. Mas ficar a todo momento nessa quebra de braço, sempre procurando algo pra desagradar, foi algo que me incomodou extremamente no personagem. Ele passa basicamente toda a narrativa se comportando como um ser detestável, enquanto a Gennie continua fazendo de tudo pra incluí-lo dentro do relacionamento.

Eu sei que o livro foi escrito em outra época, quando esse tipo de relação era retratada como algo normal e até saudável, que muitas de nós crescemos com aquela frase de "se ele tá te desprezando, é porque deve gostar de você", mas acho que tudo tem limite, não? Quando eu coloco tudo em cima desse ponto de vista, o comportamento do Grant e a história do casal até faz um certo sentido, era algo até estimado na época, mas com a cabeça de hoje, na situação de hoje, é sim um relacionamento abusivo que não dá mais pra romantizar. A escrita da Nora é fabulosa, o cenário e a ambientação impecável, a Gennie é uma personagem ímpar, mas a construção do relacionamento desses dois, segue não me convencendo.

Esse, com certeza é o livro da série que menos gostei até o momento, mas continuo aqui firme e forte acompanhando e relendo os próximos volumes. Sei que hoje em dia não dá mais pra engolir o tal do discurso em que a mulher deve salvar e resgatar o homem dentro do relacionamento, mas se você quiser dar uma chance e passar por cima disso tudo para fazer a leitura e conhecer a sequencia dessa série aclamadíssima da Nora, eu digo: Vai fundo colega, que eu também estou indo contigo! Mas se depois do que eu falei, você notar que essa não vai ser sua praia mesmo, pula pro próximo Miga(o).
Como já dizia Ariana Grande: Thank You, Next...